quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Manifesto do Coletivo Mão Roxa no 2º Turno das Eleições

Em tempos de eleições, os debates sobre a diversidade sexual e outros temas ligados a comunidade LGBT entraram em pauta, pois as lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais representam uma parte significativa da população. Parcela que é marginalizada, espancada, humilhada e morta por grupos e pessoas que se recusam a aceitar as alteridades da vida em sociedade. 

O esforço e as conquistas do movimento LGBT garantiram uma maior visibilidade desta minoria, sobretudo com a consolidação das Paradas e marchas LGBT. Nos últimos tempos, houve significativos avanços no debate, os quais permitiram algumas conquistas significativas como a união estável homoafetivo, o nome social, adoção de casais homoafetivos, dentre outros. 

A caminhada por direitos e garantias da comunidade LGBT ainda está muito longe de ser perfeita, pois os avanços jurídicos existentes ainda não foram devidamente regulamentados. Além de ser crescente o número de agressões físicas e mentais e assassinatos contra sujeitxs LGBT. 

No contexto das eleições, as candidaturas à presidência, sem deixar de mencionar os demais cargos eletivos (deputados e senadores), em sua maioria, não colocaram em pauta questões LGBT. Dentre as/os candidatos/as, somente a Luciana Genro, do PSOL, pautou abertamente temas de interesse LGBT, mesmo assim se omitindo neste 2º turno do enfrentamento direto contra o bloco de Aécio e seus apoiadores, que representam o extremo conservadorismo e a LGBTfobia propriamente dita em seus discursos e práticas. Dilma se posicionou de modo raso e indireto, apoiando somente a criminalização da homofobia, e Marina Silva até fez algum apontamento, mas retirou as propostas quando pressionada por setores religiosos fundamentalistas da coligação dela. 

A ausência da pauta LGBT nos debates eleitorais tem explicação na lógica do atual sistema político brasileiro, pois a vitória das eleições depende do apoio de grupos políticos bem fortalecidos no Brasil: os empresários, ruralistas e religiosos fundamentalistas.

Este fortalecimento se dá em virtude de uma lógica econômica que impera sobre a política, isto é, a ideia de que o dinheiro é quem decide as eleições. Destaca-se ainda que esses políticos reproduzem e primam pela defesa de valores conservadores, por uma moral hipócrita que confrontam a existência dos sujeitxs LGBTs. 

Isto é facilmente visualizado na prática, basta verificar os atrasos intencionais em discutir a PLC 122, os ataques constantes ao projeto de Lei João W.Nery e a inexistente discussão sobre a união civil homoafetiva. A supremacia destes grupos políticos impede que partidos políticos apoiem incondicionalmente a pauta, sem sofrer retaliações de um conservadorismo que impera na política, com a exceção de partidos que nunca tiveram chance de vencer as eleições. 

O contexto das eleições do primeiro turno foi complicado para comunidade LGBT, mas no segundo turno as complicações só aumentaram. O embate eleitoral foi polarizado em dois projetos, o neodesenvolvimentisto da frente impulsionada pelo PT e, em contraponto, o fantasma da política neoliberal do PSDB como proposta de algo novo. Nesta disputa, a comunidade LGBT encontra-se praticamente invisível do debate. 

A problemática central não está localizada do desinteresse dos projetos do PT e do PSDB, mas no possível retrocesso que resguarda este último. A política do PSDB é uma velha conhecida do Brasil, de Fernando Collor a FHC, o neoliberalismo já demonstrou que não há espaço para as minorias, não só LGBT, mas os negros, as mulheres e indígenas. A política econômica não favorece amplos setores sociais, mas a uma minoria que se vale da exploração da classe trabalhadora e da sistemática negativa de direitos básicos à grande parte da população.

O governo do PT é marcado por uma série de contradições, e a própria postura perante as pautas LGBT é um resultado disso, tendo alguns tímidos avanços junto à realidade LGBT, porém foi marcado por avanços significativos nas políticas sociais e econômicas do país. No campo social, o acesso à educação foi ampliado por via das cotas, do REUNI, FIES e o PROUNI; programa “mais médicos” ampliou drasticamente o acesso ao atendimento básico a grande parte das pessoas. 

No campo da economia, a valorização histórica do salário mínimo teve impactos profundos na realidade do país, chegando ao patamar aproximado de R$800,00 no início de 2015. O Brasil alcançou o patamar de 6ª maior economia social, com o grande feito de fundar um banco de Desenvolvimento, BRICS, indo de encontro à esfera de poder mundial do imperialismo.

Em modo antagônico, os governos do PSDB foram marcados pela privatização de bens e serviços públicos, com salários diminutos, por via de um Estado repressor dos movimentos sociais. Durante o período do PSDB, não houveram avanços significativos na pauta, sequer haviam debates massivos sobre questões relacionadas a sexualidade e identidade de gênero, restava a marginalização e o preconceito. 

Além de mera visualização dos dispares projetos de governo, é importante alertar que as eleições do primeiro turno foram responsáveis por eleger um congresso nacional tão conservador quanto o existente em 1964. Houve o aumento da bancada dos empresários, ruralistas, militares, e, principalmente, da bancada evangélica fundamentalista. 

Com esta nova – ou velha? – conformação de deputados e senadores será muito mais difícil favorecer um projeto de emancipação e garantia de direitos LGBTs, com grandes riscos de simplesmente não acontecer. Ao contrário, torna-se provável que venha uma onda de conservadorismo com tentativas sistemáticas de restrição total de direitos. 

Esta mesma bancada já demonstrou amplo apoio a candidatura de Aécio Neves, pois deputados como Jair Bolsanaro e Marco Feliciano, o pastor Silas Malafaia, inimigos declarados do movimento LGBT, já se aliaram ao candidato Tucano. Portanto, não faz sentido apoiar uma candidatura cujo projeto é o mesmo que espanca, humilha e assassinam inúmeras lésbicas, gays, bissexuais e, principalmente, as populações *trans. O primeiro passo é ser contra o PSDB e os próximos são continuar nas ruas reivindicando nossas bandeiras e pautar a reforma política como bandeira de luta, as demandas LGBT só serão pautadas e aprovadas com uma nova correlação de forças políticas. A qual será alcançada a partir da uma constituinte exclusiva e soberana do sistema político. 

A reforma política deve ser uma das bandeiras centrais, mas está só poderá ser visualizada se o PSDB não voltar ao poder. Com um congresso nacional conservador, atrelado a um possível poder executivo com caráter semelhante, os próximos quatros anos irão gerar um retrocesso sem precedentes para o Brasil e na América Latina. 

A reeleição de Dilma Rousseff tem que ser central para o movimento LGBT, e apoiar a candidatura não significa se eximir das críticas e contradições do governo do PT, mas sim adquirir mais força política para o movimento. A própria plataforma eleitoral de Dilma já se comprometeu com diversos pontos fundamentais para a comunidade LGBT (fonte: http://www.dilma.com.br/propostas/pdf/folheto-9-LGBT.pdf).

Eleger Dilma não fará desaparecer as contradições dos governos do PT, tampouco eximir qualquer posicionamento crítico às medidas e políticas que não beneficiem o movimento. Ao contrário, é a partir desta reeleição que o movimento poderá pautar com maior força, políticas públicas, direitos e garantias. 

O apoio à reeleição de Dilma não deve ser feito com culpa ou desagrado, ao contrário, a comunidade LGBT deve se pronunciar com força e coragem, pois o que está em jogo é a vida de milhares de sujeitxs. Com um retorno do PSDB as conquistas mínimas serão relegadas e uma nova onda de repressão pode ser o ponto fundamental para uma desmobilização massiva e fatal do movimento.

Por isso que o coletivo de diversidade sexual Mão Roxa se posiciona a favor da candidatura da presidente Dilma Rousseff, por acreditar que o retorno do PSDB significa o retrocesso para o Brasil, principalmente para o movimento LGBT. Somente no contexto de contradições do neodesenvolvimentismo do atual governo que será possível construir uma nova plataforma de força social - a Reforma Política - capaz de fortalecer o movimento LGBT brasileiro.


"Igualdade pressupõe liberdade. Liberdade de ser diferente, de se expressar diferente, de amar sem medo, de SER sem medo. Pátria livre, livre de todos os preconceitos, explorações e opressões!"

COLETIVO MÃO ROXA


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Reunião Mão Roxa - 18/10/014

No último dia 18 de Outubro aconteceu mais uma reunião do Coletivo Mão Roxa. Nesse encontro, que aconteceu na casa de um dos nossos membros, foram pautadas as questões a seguir.

O XII ENUDS - Encontro Universitário de Diversidade Sexual - acontecerá em Mossoró, no Rio Grande do Norte, de 12 a 16 de Dezembro. Visando a participação do coletivo nesse momento de construção, foram debatidas as maneira de viabilizar a presença do Mão Roxa nesse encontro. 

Também foi feito um repasse para o restante do grupo sobre a participação de alguns membros no Acampamento da Constituinte, que aconteceu durante a V Plenária Nacional da Constituinte. A presença do Mão Roxa, levantando o debate LGBTT também dentro da proposta de reforma política foi avaliada como bastante positiva por todos.

Foi pauta da reunião a presença do Mão Roxa no Sarau Voz Ativa, que acontecerá dia 22 de Outubro, na Universidade Tiradentes. Além disso, foi debatido o posicionamento do grupo para o segundo turno das eleições para presidente, com uma conversa sobre o contexto das eleições e o que está em jogo para a comunidade LGBT nesse momento e o papel do Coletivo dentro desse contexto, na esquerda como um todo e para o país.




sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Coletivo Mão Roxa presente na V Plenária Nacional do Plebiscito Constituinte

Reafirmando o apoio do Coletivo Mão Roxa com o Plebiscito Popular pela Constituinte Soberana e Exclusiva do Sistema Político, estivemos presentes durante a V Plenária Nacional do Plebiscito Constituinte que aconteceu em Brasília nos dias 12 e 13 de Outubro de 2014.

#LGBTTpresente   #reformapolíticajá


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Reunião Mão Roxa - 29/09/014

Aconteceu no último domingo, dia 29 de Setembro, mais uma reunião do coletivo de diversidade sexual Mão Roxa. Ela se deu no Parque da Sementeira e marcou a retomada de reuniões quinzenais, refletindo a nova forma de organização do grupo.

Na reunião, foram discutidas algumas pautas referentes a atividades recentes em que o Mão Roxa atuou ou realizou. A primeira delas foi o repasse do debate que aconteceu na última sexta-feira (26), na Universidade Tiradentes, promovido pelo Centro Acadêmico Tobias Barreto, do curso de Direito. O coletivo considerou extremamente positiva a existência de um espaço na Unit que debata a questão LGBT de maneira aberta e espera poder estar presente para contribuir com esse espaço nas próximas edições.

Em seguida houveram as avaliações da 2ª Vivência do Coletivo e também da participação deste durante a 13ª Parada Gay de Sergipe. Para a primeira, avaliada como positiva, ficou resolvido que acontecerá um novo espaço para encaminhar algumas atividades que não puderam ser realizadas dentro da vivência, devido a problemas externos no local. Nesse espaço futuro serão debatidos trabalho de base colorido e valores militantes, e também uma discussão definitiva para o grupo afirmar seu posicionamento perante a PLC 122.

Já a avaliação de nossa atividade durante a Parada Gay também foi avaliada como positiva, principalmente levando em consideração as dificuldades que o grupo estava passando. Nela, o coletivo se posicionou à favor do plebiscito pela reforma política através de uma constituinte exclusiva e soberana, pois entende que essa é uma reforma necessária para que a comunidade LGBT consiga mais expressividade política e consequentemente, mais avanços. Dessa maneira, o Mão Roxa procurou conseguir votos para o plebiscito durante a Parada Gay, enquanto conscientizava os presentes da importância desse voto pela reforma política.

Por fim, foi discutida a nova identidade visual do grupo. Ela agrega conceitos de luta e possui objetivos comunicacionais claros para contribuir com a atuação política e de mobilização do grupo. Foram apresentados os detalhes que levaram a seleção da proposta que hoje é a marca oficial do coletivo e também foram encaminhados alguns próximos passos para elaboração de material, como camisetas e bandeiras.


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Próxima reunião do coletivo 28/09




















Todos estão convidados para a próxima reunião do Coletivo Mão Roxa. Acontecerá no Parque da Sementeira, às 15h do dia 28 de Setembro, próximo domingo!

Quer colar junto e não sabe como? Está meio sem jeito? Entre em contato inbox.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

segunda-feira, 21 de julho de 2014

2ª Vivência do Mão Roxa Coletivo de Diversidade Sexual

Olá Roxinhxs!

Estamos aqui para convidar a todos para a 2ª Vivência de Construção do Coletivo Mão Roxa. A vivência acontecerá nos dias 01, 02 e 03 de agosto, as inscrições já foram aberta e contamos com a participação de todos. A programação se resume em debates, oficinas, músicas, artes, poesias, venham conferir.

Os interessados devem realizar sua inscrição preenchendo esse formulário até o dia 30.